terça-feira, 24 de maio de 2011

Meu orgulho de ser nordestino


Não há nada mais deprimente e repugnante do que a burrice fabricada. Aquela burrice que vem exatamente das pessoas que se dizem mais cultas, que é fabricada por sabe-se lá que forças "ocultas", que argumentos simplórios, que fraqueza espiritual. É compreensível que no mundo de hoje tenhamos que recorrer a todos os tipos de avaliação para tentar compreender algumas atitudes, mas há coisas que simplesmente ultrapassam todos os limites da compreensão humana e racional.

Temos acompanhado, nos últimos dias nas mídias, exemplos claros de atitudes preconceituosas contra o povo nordestino. Parece-me que a Internet tem dado espaço demais sob o pretexto da democracia, e resolveram confundir, definitivamente, liberdade com libertinagem, e com burrice aguda.

As palavras de preconceito e de descaso quanto ao povo nordestino não me revoltam, elas me enojam. É de dar nojo a fraqueza, não somente de espírito, mas de memória e inteligência dessas pessoas. É de dar nojo saber que num país como o Brasil, onde todas as diversidades têm suma importância para o desenvolvimento da nação, seja pela mão de obra, seja pelos bens naturais, seja pela economia ou qualquer outro aspecto, ainda existam pessoas capazes de falar ou escrever de forma pública certas coisas, e pior que isso, pensá-las, como se nada houvesse além da sua "sub-verdade" distorcida e ridícula.

Pois eu sou nordestino, sou paraibano, e poucas coisas fazem-me mais feliz do que esta verdade. Nasci numa terra onde as pessoas conhecem seus vizinhos, onde elas se ajudam. Nasci numa terra onde reconhece-se o valor humano e não o valor material, onde as pessoas ainda sabem o que é compaixão. Não foi no Nordeste que nasceu o ditado "cada um por si e Deus por todos". Lá é cada um por todos, e Deus também por todos, porque Deus não permite o egoísmo, e lá, as pessoas conhecem Deus. Aliás, não há prova maior da presença real de Deus do que as belezas naturais que Ele nos deu. Ele foi generoso conosco porque merecemos. No Nordeste precisamos muito mais de amigos do que de dinheiro. Lá eu ainda vejo o azul do céu, ainda ouço pássaros cantando, ainda posso entrar no mar sem sair sujo de oléo, posso ir trabalhar sem medo de voltar num caixão. Lá eu posso sentir o sol na minha pele, e não me preocupo com a qualidade do ar que eu respiro. Mas não é só isso.

Foram nossos antepassados que deram fôlego ao resto do país. A imigração nordestina através da sua mão de obra transformou o Sudeste na potência econômica que hoje ele é; São Paulo não seria São Paulo se não fossem os nordestinos e os italianos. E a mistura dessas duas raças há cincou ou seis gerações atrás deu o paulista da gema, ou o carioca da gema, no caso do Rio, exatamente estes que hoje se dão ao luxo e ao direito de abrirem a boca e desfilar sua burrice.

Mesmo os que não são detentores de mínima inteligência histórica para saber destes detalhes, deveriam, ao menos conhecer o Nordeste. Quem sabe um banho de mar, com águas azuis e cristalinas, ou um belíssimo pôr de sol, ou ainda um luar com o vento batendo ao rosto, ou quem sabe, um pequeno abraço verdadeiro, poderia mostrar-lhes a realidade não apenas histórica e social, mas humana.

Mas não os detestamos, caros sulistas, ou paulistas, ou cariocas, ou mineiros, ou capixabas. Sim, nós os admiramos. São fortes, corajosos, lutadores e acima de tudo guerreiros por sobreviverem diante de tantas dificuldades, sem saber direito se voltam vivos da padaria da esquina. E queremos mostrar-lhes, acima de tudo, que enquanto nós, brasileiros que somos, não entendermos que somos um único povo e uma única nação, estaremos figurando entre o subdesenvolvimento e a ignorância, porque povo que não se une não é povo, e graças a Deus, nós, nordestinos, estaremos sempre de braços abertos, assim como o seu Cristo Redentor, que, a propósito, deveria ter sido construído no Nordeste.

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