terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Domingo cinza


Todos os brasileiros que têm um coração e um pouco de amor ao próximo, certamente morreram um pouco no último domingo. Não sei se era uma morte anunciada, como também não sei exatamente quem são os culpados... sei que para mim, que sou sensível à degradação da vida humana, ainda mais quando se tratam de grandes tragédias, o domingo foi extremamente doloroso e cinza...

Cinza como aquela maldita fumaça que ceifou mais de 230 vidas que, assim como eu, tinham um sonho... cinza como a cor do céu quando o tempo não está bom, e naquela noite, definitivamente o tempo não estava bom. A irresponsabilidade e a inconsequência de alguém fez com que centenas de famílias chorassem lágrimas de sangue, vivendo uma dor que definitivamente não mereciam.

Não, eu não conhecia ninguém que estava na boate, mas meu coração se compadeceu mesmo assim. Sou humano, gosto de sair, me divertir, passear, viajar... uma das principais formas de entender as outras pessoas e conviver bem com elas é se colocando no lugar delas, principalmente nos momentos difíceis. Eu me coloquei no lugar daquelas centenas de jovens que saíram num sábado à noite pra se divertir, assim como eu faço muitas vezes, e não puderam voltar a sorrir jamais, pois seu sorriso foi apagado por uma fumaça negra. Coloquei-me também no lugar dos pais, dos familiares e dos amigos que perderam seus entes de uma maneira repentina, trágica e inesperada como esta... só que já teve uma grande perda na vida pode compreender o tamanho da dor! Também imaginei os munícipes, os cidadãos de Santa Maria, cidade que visitei de maneira muito breve uma vez, mas que pude perceber sua hospitalidade e boa vontade para com os visitantes. É uma cidade gostosa, aconchegante e especialmente dedicada a abrir os braços para receber pessoas de fora... a cidade e seus moradores não mereciam tamanho trauma, que certamente ficará para o resto da vida da cidade e de quem lá vive.

É realmente impossível expressar com palavras o sentimento que toma cada um de nós, brasileiros, seres humanos, diante de tamanho adverso da natureza, seja de quem for a responsabilidade. Poderia ser eu, poderia ser você, poderia ser qualquer um de nós que deixamos nossos lares para buscar um pouco de diversão e entretenimento num fim de semana. Poderíamos não estar mais aqui para escrever ou ler essas palavras... é impossível encontrar algum conforto diante de um desastre assim, onde tantos sonhos se perderam na cinza da morte. Resta-nos pedir a Deus conforto para os que ficaram e acolhida para os que se foram e orar, cada vez mais, para que a tênue linha entre a vida e a morte possa não ser ainda mais atenuada pela irresponsabilidade e falta de bom senso de humanidade dos próprios seres humanos.

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