terça-feira, 19 de julho de 2016

Whatsapp, o novo oxigênio


Não faz muito tempo, as pessoas eram de fato, pessoas. Havia olhos, cheiro, toque, gosto. Havia gestos, atitudes, linguagem corporal... tudo isso foi sumariamente substituído por emoticons, memes e frases palavras abreviadas que, teoricamente, estão sempre recheadas de significados explícitos e implícitos. 


Sendo um profissional da área de comunicação, busco estar atento a todos estes fatores e atualizado acerca das mudanças nos processos comunicativos atuais e percebo o quão é assustadora a dependência das pessoas em relação ás redes sociais e aos aplicativos de mensagens, em especial o Whatsapp.

Não há dúvidas do quanto estes instrumentos facilitam o processo de comunicação, principalmente entre pessoas fisicamente distantes. Isto é fato inconteste. O que assusta verdadeiramente é a aparente impossibilidade das pessoas - seja de que idade for - de conviverem sem estes mecanismos de comunicação, que surgiram para ser um complemento e, de uma forma absurda, acabaram se tornando o principal meio de contato entre as pessoas.

Não se trata mais de uma questão de distância. É um vício, puro e simples. Não é raro perceber pessoas numa mesma sala se comunicando através do bendito mensageiro. Casais nos restaurantes fazem o mesmo. Parece que o "olhos nos olhos" perdeu seu encanto. É mais fácil mandar uma carinha sorridente com um coraçãozinho, aí sim, tudo fica explicado.

Definitivamente, não enxergo isso como algo positivo. Parece-me que a dependência torna ainda mais superficiais as relações humanas, já tão descartáveis. Através de um computador ou de um celular é possível ser tudo, menos plenamente verdadeiro. O contato nunca deixou e nunca deixará de ser essencialmente fundamental. Acho que o mundo na época dos nossos avós era muito melhor (com exceção do aspecto tecnológico), ou alguém duvida? 

Havia mais companheirismo, carinho, respeito entre as pessoas. Havia mais amizades verdadeiras, mais ligação fraterna, afeição, laços que, na maioria das vezes, duravam uma vida inteira. Evoluímos no processo tecnológico da comunicação e regredimos em seu principal objetivo: criar relações verdadeiras e duradouras. 

O Whatsapp virou o oxigênio da imensa maioria das pessoas. Sem ele, não há vida. A saída é reclamar da falta de bloqueio dos celulares nos presídios. O argumento é bom. O preceito, não.

Nenhum comentário: