segunda-feira, 31 de março de 2008

Socialismo Utópico X Capitalismo Selvagem

Antes de qualquer coisa, é necessário dizer que este texto não trará respostas para os grandes debates conceituais no que se refere ao Socialismo e ao Capitalismo. Tal conflito tem perdurado por milênios, obviamente que não com esta mesma denominação, mas desde que houvesse pessoas, sociedade (mais ou menos) organizada, e interesses, havia o Socialismo e o Capitalismo. A antítese teórica entre as duas correntes é bastante clara, considerando-se os conceitos de ambas. De um modo geral, vê-se o Socialismo como uma proposta de “sociedade igualitária”, propriedade não-privada e equidade na distribuição de riquezas. Enquanto Capitalismo é um regime apoiado no acúmulo incessante de capital, teoricamente através da exploração do trabalho e da mão de obra.


O Socialismo provém da União Soviética antiga, e foi aprofundado por Karl Marx e Friedrich Engels, que introduziram visões históricas e filosóficas no seio desta nova proposta de organização social. Daí veio o conceito de “mais valia”, que consiste na grande diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador, ou seja, o trabalhador gera uma margem de lucro imensamente superior ao salário que ele recebe. Muitas nações definem-se hoje em dia como nações de regime socialista, destacando-se aí Cuba e China, onde seus governos interferem diretamente na organização social, de modo inclusive a restringir a entrada de capital externo em seus países, negar relações diplomáticas com as chamadas nações capitalistas, e embargar importações de produtos originários destas nações. No entanto, a grande pergunta é: será que de fato essas nações quem se dizem socialistas possuem uma organização social efetivamente igualitária? Não quero emitir juízo de valor a esse respeito, mas é um caso a se pensar.


Já o Capitalismo nasceu nas burguesias européias do fim da Idade Média, que tinham como ideologia o fato de que não bastava apenas acumular capital (necessidade real durante os longos períodos de crise financeira), mas também gerar lucro através do trabalho. Mas qual seria o fundamento para defender-se a tese de um regime que teoricamente apenas explora o mais fracos e beneficia os mais ricos? Basicamente, o errôneo conceito de democracia e livre comércio. A abertura do mercado e a facilidade de negociação em tese justificariam o regime capitalista, ou seja, quem tem capital, supostamente conquistado através de muito trabalho, tem todo o direito de investi-lo de forma a aumentar este capital, mesmo que em detrimento de outras classes sociais. Assim, o fato da suposta exploração do trabalho não diminuiria os méritos de quem está vencendo e conquistando fortuna através do seu esforço. Porém, o questionamento neste caso seria: quais são os limites humanos e sociais (se é que eles existem) para que se possa multiplicar um capital que já é demasiadamente grande? Outra pergunta que poderia levar anos para ser respondida.


Para finalizar, o fato é que os conceitos das duas correntes em questão refletem teorias extremas, que não parecem ser tão viáveis no mundo atual, visto que as relações sociais e humanas evoluíram bastante desde a época em que Marx viveu, e (graças a Deus) ainda não chegou ao patamar de individualismo, autoritarismo e falta de humanidade que Bush deseja. Sendo assim, continuamos a sobreviver numa sociedade que se divide entre o Capitalismo Selvagem e o Socialismo Utópico, sem soluções para tal conflito, ao menos à primeira vista.

2 comentários:

Rômulo disse...

Grande Vinicius, primeiro gostaria de parabenizar-lhe pelo Blog. Esta ferramenta importante de comunicação que, mesmo nascendo do processo exacerbado de globalização da informção e do mercado midiatico, vem desempenhando uma função muito interessante qdo bem administrado.

A muito os grandes teoricos destes dois modelos efetivos de sociedade, vêm travando um verdadeira guerra na defesa de seu "peixe escencial". No entanto, as falhas sociais de ambas - bem pontuadas no seu artigo - sempre foram as grandes paradoxos explicitadas no sentimento e, é claro, nas posições e práticas políticas de pessoas inquietas como nós.

Sempre acreditei (desde q passei a entender, é claro) que o socialismo antes mesmo de ser um modelo de sociedade, fosse uma condição soberana vivênciada e, sobretudo, praticada por cada individuo. Seus principios, neste sentido, estariam a frente de qualquer outro viés individualisado. Porém, é bom que se diga que as condições históricas e depois evolutivas deste processo não foram bem sucedidas em sua amplitude.

Os avanços sociais, educacionais,culturais e na área de saúde em Cuba nem de longe se comparam com indicadores de paises considerados de primeiro mundo. Ao mesmo tempo, em que também não se pode deixar de citar a estabilidade economica e social de paises de economia de capital como, por exemplo, a Suiça.

O antagonismo dessas duas propostas para a sociedade (pós) moderna, sem sombra de dúvidas, se perpeturá ainda por muito tempo, mas como um ser que acredita muito a evolução humana, confesso que torço com muito afinco para que num futuro próximo as perspectivas coletivas, sobreponham as individuais. E para que isso não seja efetivado tardiamente continuo na luta por uma sociedade sem exploradores e sem explorados...

...Enfim, Socialismo Vive!!!

Rômulo disse...

P.S: Estou acrescentando o link do seu blog no meu...