sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Hoje eu me chamo Saudade

Afinal, é o que resta!

O quão triste é esta data, 4 de Setembro, para mim? Realmente. não sei descrever. Mas bastou os ponteiros do relógio cruzarem a meia-noite que tudo voltou: a angústia, a dor da perda, o sentimento aguçado e a saudade, forte, dilacerante, efusiva, impiedosa... forte. Saudade dos seus gritos me chamando para entrar em casa, enquanto eu insistia em brincar na rua. Saudade de te ver me mandando tomar banho enquanto eu só queria lavar os pés, saudade de ver você insistindo para que eu comesse verdura, enquanto eu só beliscava uns pedaços de carne. Talvez seja tarde demais agora, mas há muito, muito mesmo que eu gostaria de lhe dizer, e para ser sincero, talvez nunca saiba por onde começar.

Não moro mais na mesma casa em que aprendi tudo com você, nem vivo mais a mesma realidade. A vida me guiou por novos caminhos, e eu cresci um pouco mais. Mas às vezes me sinto como aquela mesma criança indefesa que ouvia seus gritos. É difícil demais viver sem você! Talvez nunca pudesse imaginar o quanto. Hoje deito em minha cama, olho para o o teto do meu quarto todas as noites antes de dormir, e vejo o seu sorriso brilhando, ou o seu olhar sério e inquisidor, sempre me questionando de alguma coisa, sempre tentando me fazer melhor... eu sinto sua presença tão forte que quase posso tocar você, e é isso que dói, esse "quase". A verdade é que eu não posso mais te ouvir... não posso mais deitar a cabeça em seu colo e simplesmente me sentir triste quando algo me atinge, e também não posso mais sentir o seu carinho incondicioal.

E choro muito, copiosamente, como estou chorando nesse momento. Sabe, eu nunca pensei que fosse tão difícil, nunca mesmo. Você me ensinou que eu precisava trilhar o meu caminho, que não a teria sempre, ali, do meu lado, e me preparou para isso, tanto culturalmente quanto psicologicamente. Você fez questão de me dar o que você não pôde ter. Me deu sua vida, viveu para a minha felicidade, me deu claros exemplos de honestidade, respeito, sensibilidade, amor... você me ensinou a amar.

Agora, eu abro os olhos e não a vejo mais. Estico meus braços e não sinto o seu abraço, e meus ouvidos já não ouvem a sua voz. Toda a minha infância e adolescência me passa à cabeça como um filme lindo, mas com um final triste... agora, me pego lembrando de pequenos detalhes, momentos que vivi ao seu lado, tanto bons quanto ruins, que certamente jamais sairão da minha cabeça. Sabe, eu sei que sou forte, sou muito forte... sei que talvez amanhã eu acorde e esteja pronto para a batalha que eu preciso enfrentar todos os dias, mas agora, neste exato momento em que não consigo conter minhas lágrimas não consigo ter a certeza de que vencerei sem você. Aos 26 anos, sinto-me como uma criança indefesa precisando das asas da mãe, e eu não tenho mais essas asas. Hoje elas voam na eternidade dos que a merecem, junto de Deus, no descanso necessário a uma alma sofrida e lutadora, mas sobretudo singela e pura.

Não sei até onde posso ir. Agora não existem pretéritos, nem presentes, nem pronomes, nem verbos. Não controlo mais meus dedos que desfilam pelo teclado deste computador sem saber direito onde querem chegar... perdoe-me os erros gramaticais, você sabe o quanto eu sou exigente quanto a isso... mas perdoe-me acima de tudo a fraqueza que me traz essa incerteza quanto ao futuro que eu estou tentando trilhar. Preciso de você mais que nunca, preciso dos seus olhos, dos seus gritos, das suas broncas e do seu sorriso. Preciso sentir o cheiro gostoso do café na mesa quando você acordava mais cedo só pra não me deixar sair sem comer. Preciso gritar do banheiro, enquanto tomo banho, para você pegar minha toalha que eu esqueci de trazer, e sem pedir por favor, porque para você eu não precisava pedir. Eu preciso, mais que tudo, do seu beijo, do seu cheiro... eu preciso, porque não sei mais se consigo.

Está doendo, muito, muito mesmo, e não sei se um dia essa dor vai passar. Não é por falta de tentativa, acredite, estou lutando, muito. Reconheço minhas conquistas, que embora pequenas ainda, significam vitórias para mim. Estou reencontrando meu caminho, tentando trihar a minha vida, amando e sendo amado, mas parece que não tem jeito: sempre vai faltar você.

Eu queria, se Deus me permitisse, te encontrar apenas mais uma vez, te abraçar, te beijar, e dizer coisas que talvez eu nunca tenha dito, embora eu não sofra de arrependimento, e sim de saudade. Estou bem, e preciso de você exatamente por isso. Mas é duro demais lembrar que exatamente há um ano atrás, você me deixou, e agora eu estou aqui, sozinho neste quarto, quase 1 da manhã, diante da necessidade de dormir para trabalhar logo cedo, mas incapaz de esquecer você... mãe, me ajuda, eu estou com medo!

Por favor, não apague a luz... eu te amo!

6 comentários:

Anônimo disse...

Amor,
Eu passei por esse momento contigo e sei da sua dor, da sua falta, da sua saudade. Sei também que nada que eu disser vai preencher o vazio dentro de você. Mãe, a gente só tem uma, e eu acho que as mães deveriam ser imortais. Porque abraço de mãe é abraço de mãe, beijo de mãe é beijo de mãe, carinho de mãe é carinho de mãe.
Tenho certeza que ela está cuidando de você, tenho certeza também que não só de vc, mas de nós dois. Por isso, por mais que essa data seja triste, quero que levante a cabeça e fique feliz, pois eu sei que é assim que ela quer te ver. Te amo mt.

Eri disse...

odeio saudade

Teresa disse...

Viníciussssssss

Eu não tenho palavras...
Talvez um dia eu ainda vá passar por isso (se eu não for primeiro), a gente nunca sabe, mas eu tenho muito, muito medo da dor que sei que vou sentir.

É bom vc pensar que ela está lá em cima orgulhosa do filho que pôs no mundo e do amor que ele reservou pra ela! É seu anjinho agora e tá olhando por vc.

Lindo post.
Lindo de verdade.

DANIEL MORAES disse...

Momento muito difícil... Força! Um abraço.

http://contesta-acao.blogspot.com

Gaby Almeida disse...

Pow Vinicius, sei exatamente o q vc tá passando, a minha mão se foi tem 4 anos mas parece que foi ontem, a falta, a saudade a dor não passam, tudo q me acontece queria ela comigo... seu post me fez chorar de verdade, vc conseguio transmitir exatamente o q eu sinto...

Camila disse...

Oh Vini...
Nem sei o que dizer, pois para essa dor nada pode curar.
O tempo passa e ela continua latente.
Mas com fé em Deus, você ficará bem. E tenha certeza que sua mãe sempre estará contigo, viu?!

Um beijo enorme e forças meu amigo.