quinta-feira, 29 de julho de 2010

Desencanto


Não, não jogue nossos livros fora! Eles foram tão carinhosamente escritos... se assim o quer, ao menos dê uma lida nas primeiras linhas, e veja o quanto elas ainda dizem sobre nós. Não deixe que essas linhas se desfaçam em névoas que talvez nem mesmo o tempo poderá ressuscitar. Os parágrafos formados por elas são uma grande tradução de uma história que creio eu, ainda não tem final.

É injusto, surreal, absurdo. Nenhuma história pode ficar sem final, mas eu ainda prefiro deixar que o implacável tempo apague esses nossos garranchos tão defeituosos, no entanto, traçados com muita dedicação, esforço e desejo. Neles estão sonhos, que foram construídos ao longo de dias e noites insones, de saudade, de dor, lágrimas, mas acima de tudo, muita felicidade.

É contraditório nada poder fazer com relação a isso. Logo eu, que sempre tive o poder de virar as páginas da forma que eu julgava mais correta. Talvez este tenha sido meu maior erro: achar que eu teria a possibilidade de virar cada página sempre que assim o quisesse e assim fosse necessário.

Agora, assisto a esses fonemas, palavras, frases, linhas e parágrafos se dissiparem como se nunca houvessem existido, e a página simplesmente ficar em branco, e isso dói. Mas temos muitos livros em nossas vidas, e dessa forma ela é feita, com livros, estantes e cômodos que embora empoeirados, sempre serão capazes de traduzir uma parte da nossa história.

"Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
que tudo era pra sempre, sem saber
que o pra sempre, sempre acaba..."

4 comentários:

Marcela Fernanda disse...

Será que eu entendi?! // Belo post ;)

Larissa disse...

Essa música da Cássia Eller tem sempre algo mais a dizer. Eu não acredito no pra sempre, mas faço muita coisa para que ele realmente exista. rs
Adorei.

Um beijo.

Ariana Coimbra disse...

Seria muito bom se sempre que conveniente a nos pudessemos virar a pagina, ia ser bem mais facil!

Gostei do texto!

bjos

Nívea Flor disse...

muito bom o texto meu querido... nossas vidas, nossos amores, músicas, nossos livros, com algumas páginas amassadas, outros rabiscos e tantas marcas que nem as borrachas mais poderosas apagarão da nossa lembrança.

tem uma frase que eu gosto muito e diz: A vida é uma melodia escrita no diário de Deus. Viver é dançar ao som dessa música de várias maneiras e de tempos em tempos. [David Saleeby]

abraço.