terça-feira, 3 de junho de 2008

Símbolos


"Sei que amores imperfeitos
são as flores da estação..."
(Skank)

O vinho escorria flácido no canto da boca. Olhou ao redor, estava sozinho como nunca estivera. Aquela noite que havia começado de uma forma tão alegre, tão mágica, agora resumia-se à sua dor de cabeça, um copo quase seco de vinho, e um salão vazio.

Aquela seria a sua noite. Preparara-se para aquele momento desde que havia entrado para a faculdade, aos dezoito anos de idade. Desde criança, seu sonho era exercer a medicina, profissão que ele julgava divina pelo fato de ser capaz, assim como Deus, de salvar vidas. A faculdade havia sido um grande obstáculo. Foram noites e noites insones a debruçar-se sobre livros, livros e mais livros. Mas aquele era seu sonho, aquela era sua vida, e ele não desistiria jamais. Assim foi. Durante seus tempos acadêmicos e de residência, não se permitira relacionamentos além de algumas simples aventuras de uma ou duas noites com as meninas que sempre o abordavam. Talvez o mistério a ser desvendado naquele rapaz de aparência simples e normal, mas que não era igual aos outros, pois o fato de que ele não passava horas conversando nos corredores sobre com quantas delas havia saído e como elas eram nuas na cama, chamasse ainda mais a atenção das moças, que não entendiam o porquê daquela distância e indiferença aos olhares femininos. De fato, ele era um mistério, mas dentro de sua mente só havia um objetivo: graduar-se, e ser o melhor entre seus pares. Conseguira.

Agora ele estava lá, no que sobrou da grandiosa festa de comemoração à sua formatura. Numa noite que começou recheada de alegria, ela chegou, linda e meiga, com seu corpo escultural dentro de um vestido decotado que fazia-lhe parecer uma mulher, apesar do claro aspecto jovial de menina. Os olhos dele brilharam ao vê-la. Não, não era paixão, ele não se permitiria tamanho desvio. Ela olhou-o nos olhos, sorriu, deu os parabéns, e disse adeus, para sempre. Não podia ser verdade, mas a angústia no coração, a dor no peito e a saudade eram sentimentos novos demais para que ele pudesse compreender. Sequer sabia o que sentia, só sabia que de fato, pela primeira vez, sentia. O diploma outrora símbolo de sua maior vitória, agora jogado em cima de uma mesa ao lado de sua taça vazia de vinho, não parecia ter mais nenhum significado real, não tinha mais a mágica, não representava nada mais que um simples pedaço de papel onde estava escrita parte sua história... parte da sua história. A outra parte, sabia ele agora, a mais importante, partiu naquela noite.

Não, não era paixão, era amor.

24 comentários:

* hemisfério norte disse...

epa, muito forte
dizer adeus é sempre complicado, mas às vezes o melhor mesmo é partiir, para que posamos nos reconstruir de novo
beijos
a.

Camila disse...

Dizer adeus é exagero... um simples tchau já basta...


SIM SIM ROTINA É MUITOO CHÁTO!
iecá!
hahhaha beijo

Camila disse...

Nossa PERFEITOOOOO seu conto!
A dor do adeus é sempre tão intensa...
Gostei demais!
Beijo
=)

Camila disse...

Aaaaaaaaa mas eu tenho aquele blog oculto hahahah

é um blog das imaginações!
sakdfpoiasjrmsdf

SORRIIA VOCE ES´TA SENDO LINKADO!
ahahaha

Flávia disse...

Ah, como é difícil decidir que caminho seguir quando se chega numa encruzilhada de escolhas. Mas acredito que aquilo que é pra ser nosso, vai ser. E que a gente não cmainha em linha reta, mas em círculos. E que, mais à frente, haverá uma segunda chance, seja lá pra o que for.

Adorei o texto.

Beijo!

Unknown disse...

Lindo!
Perfeito!!!

Adorei... Principalmente a parte que diz "não era paixão, ele não admitiria tal DESVIO"... show!!!

bju

Alessandra Castro disse...

Perceber esta singela diferença faz realmente tudo mudar. Até o momento soh sei das paixões, os amores me passam longeeee. :)

Adoravel seu blog!

Carol Nery disse...

Hummm.... Lindo.
São linhas tênues que separam o amor da paixão?
Gestos e atitudes? Sentimentos mais ou menos intensos??
Essas coisas são difíceis de delimitar.

Beijo, e.... Tô aparecendo sempre que puder. Grande beijo, e obrigada pela visita! ^^

Ariana Coimbra disse...

Texto lindo!

Adorei o blog!

Beijo*

:: Daniel :: disse...

Gostei do texto e do seu blog.

Abraço!

Luifel disse...

Um momento, rapaiz! Num tal de post "Eu lirico", o tal editor desse blog disse q num sabia escrever contos e crônicas e me aparece com uma coisa dessas?!

Kra, brincadeiras a parte, seu conto tá surreal. Dizer adeus é algo muito forte e mexe com ambas as pessoas envolvidas.

Mas precisa-se de um adeus pra se começar algo novo, num é?

Abç

T disse...

CARAMBA!!!!
QUE LINDO ISSO CARA *_____*
fica bem :*

Anônimo disse...

ai que triste!! é apenas um conto neh? rsrs

beijosss

Anônimo disse...

pois..é garoto..."ele não permitia tamanho desvio"...bem
Na realidade ele queria muito algo... se apegou, nele e consegui..se formou..mais isso n era motivo dele n se permitir, pq lá no final...é a paixão não só pela medicina mais tb pelo amor..que o SER é movido..
Já imginou que tipo de médico ele iria ser sem sentir o amor "paixão " por uma outra pessoa?
A paixão faz parte sim são etapas de nossas vidas e não se deve se abstrair e nem se anular dela..por um objetivo...!
emuito bem esse texto...

Bjs!

Anônimo disse...

eei, amei o novo look do seu blog e o seu conto do adeus tambem ta legal ;D
beeijo

Unknown disse...

ixe.
n tem nada de Gury... kkk
Olha, o Gury é um blogueiro amigo meu q estava pedindo q eu fizesse um post sobre o cara q "roubou meu coração"... heheeh Eu fiz, no final eu deixei o recado pra ele...

heheeheh

Vou alterar lá pra n ficarem pensando errado.

hahaahahah

Camila disse...

ah sim os orçamento estão prontissimos ! hahahahha

e já parou de chover aqui não tem como tomar banho de chuva.. SACO!
HHAHHA

beijo

Camila disse...
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Camilla disse...

Caramba, você escreve muuuuito bem...
Conseguiu me prender do começo ao fim!!

Beijoo!!

*Raíssa disse...

Pois é, esse o grande mal dos homens: se apaixonam pelo corpo das mulheres, e talvez pela sua simpatia também, mas esquecem que elas são muito mais do que isso. E quando o percebem, já é tarde demais.
Adorei o texto! Muito bem escrito!
Beijos

Anônimo disse...

voce tambem eh um grande amigoo!
adoro demais³²¹

beeijo Jeeh
http://totalmente-jeeh.zip.net/

Anônimo disse...

ah & e eu amo o que voce escreve :D

Unknown disse...

Já disse que o conto ficou lindo. Amei o final, "não era paixão, era amor". Quantas vezes escondemos atrás dos nossos sentimentos e depositamos a nossa felicidade e expectativas em outras pessoas?

Quantas vezes deixamos uma pessoa ir embora de nossas vidas sem dizer a elas os nossos verdadeiros sentimentos?

Creio que assim como o seu personagem, muitas pessoas passam por isso constantemente. É uma pena, pois "uma vida sem amor não merece ser vivida".

Fabíola Weykamp. disse...

Preciso dizer que nessas simples e belas palavras muitos de nós se encontram despidos por elas?

O amor não tem hora, nem escolhe o lugar para acontecer. Ele simplesmente acontece, e por ser tão forte e tão, mas tão simples, tudo que não gira em torno dele fica banal para alguns, ou para outros... simplesmente melhor, mais pleno.
Dizer adeus é muito doido, mas se isso foi dito, é porque um reencontro sempre irá acontecer, não necessariamente no final. Ele acontece. Não simplesmente acredito, tenho certeza.

Adorei tuas palavras, as li muitas e muitas vezes. Fico imensamente feliz pelo carinho. Volto aqui sempre que posso, e adoro, me delicio com seu talento, seu dom. Um beijo bem grande, Vinícius.
Continue escrevendo divinamente bem!

P.s.: Gostei muito do seu "novo" blog. Muito bonito!!!