terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Futuro do Pretério (BIS II)

Por que não disseste?
Que no recôndito de minha alma não haveria tanto espaço para as doces alegrias e a suprema felicidade?
Que cada dia deixaria sua névoa presente em meu coração por talvez não ter onde mais deixá-la. Se sabias que os sonhos seriam apenas vagas esperanças de um futuro que jamais existirá, por que me deixastes sonhar?

Era tão bom quando estavas aqui... acordar com teu sorriso, ouvir tua voz, sentir teu carinho...
E mesmo nos momentos difíceis, era em tu que estava o melhor caminho!
Por que não foste forte o suficiente – muito mais forte que eu – para enxergar que mesmo demonstrando o contrário, cada entranha da minha matéria clamava por tua presença, sem importar-se com teu estado de humor, tuas palavras por vezes cortantes feito lâminas, e teu olhar que muitas vezes fez-me sentir até mesmo odiado?

Doía! Mas era a dor da morte que se fazia necessária à vida! Era o mundo que se tornava minúsculo, para depois explodir como fogos de felicidade comemorando a chegada de um novo ano, um novo século ou uma nova Era. Tu eras minha nova Era! Era a dor que antecipava o gozo de porventura ainda sentir-me vivo, querido ou não, mas de fato, um ser existente. Não importa o quanto doesse, era a dor que fazia feliz, porque “depois da tempestade sempre vem a bonança”.

Mas não veio! Perdi-me em palavras, sonhos, projetos, mentiras... perdi-me dentro de mim mesmo sem entender e enxergar que na verdade nada havia em mim, a não ser tu! Sonhos que nunca se realizariam, falsos projetos, doces mentiras. E tu, estavas ali. Com todos os teus defeitos, e talvez falsos sonhos também, mas ainda assim sorrindo para mim, entre lágrimas que na verdade representavam o fim do único sonho meu que era verdadeiro: tu! Por que não disseste que na dor habitava a felicidade, e que ela não doeria tanto enquanto tu estivesses ali? Por que não me avisastes que éramos diferentes, mas das diferenças se faz as semelhanças, e o amor verdadeiro só existe quando somos capazes de aceitar, ceder, levantar, continuar e aprender?

E te fostes! Por minha inteira e tão grande culpa.Culpa que me apaga o brilho, me leva a paz e me tira os sonhos, mas culpa que também a tens, pois fomos um só. E carregarei até o fim de meus misteriosos dias, futuros ou não, vindos de um pretérito que não foi perfeito, mas existiu. E amo-te! No presente que nada indica, e na obscura eternidade que é o futuro! Por culpa, dor, saudade, felicidade, sonhos, mentiras, projetos, palavras... por que não me disseste que amar é na verdade viver, e viver é doer, errar, mentir, sonhar, chorar e sorrir? Por que não disseste?

9 comentários:

Juliana Matos. disse...

Olá
Vinicius, que bom q visistas-te meu espaço, tuas palavras também são inspiradoras! Voltarei sempre também ao teu cantinho..

Quanto ao post.:são tantos sentimentos nesta vida, que deixar de sonhar é quase que perder a vontade de seguir em frente, isso jamais; precisamos ser fortes, encarar a saudade, a dor, a tempestade com a força que possuímos dentro de nós(e a possuímos)!!

Bjos e ótima continuação de escrita!!

Flavia C. disse...

Ah, é a primeira vez que venho aqui, e já vejo um texto com tanta sensibilidade, com tanto sentir ...
Adorei a sua forma de escrever, é encantador.

*Lusinha* disse...

Ah, essa ausência, essa saudade...

Bjitos!

Anônimo disse...

Que pena que nem tudo pode ser declarado assim, ou previsto.

Abraços.

Priscila Rôde disse...

Nem tudo pode ser dito, felizmente. Sim, felizmente. Melhor que ouvir do outro o que tanto queremos é descobrir depois, com a ausência..

Vinicius, muito belo seu texto!
Inspirador!

Mariana Andrade. disse...

aah, vinicius.. talvez pelo motivo que tu mesmo apontaste: eram um só, vocês dois. E, assim, ela também desconhecia.
e depois fica a solidão, não é? e ela, apesar de, no sentido puro da palavra, deixar-nos sós, não cansa de acompanhar-nos.

Isa** disse...

Essa é a aula de Português mais visceral e intensa que já vi...cheia de um sentimento que conheço bem (pois já vivi) e que dói em cada pedaço de alma. Dor que consome e que posso ver nas suas palavras. O desabafo perfeito de um coração sangrando. Impossível definir...mas vc conseguiu! Vini, não tenho palavras pra classificar seu talento! De coração, PARABÉNS!

Bjoo!

Anônimo disse...

É justamente por isso que eu tenho o (acho que errado) costume de desconfiar. Porque NUNCA nos contam a parte ruim, ninguem avisa o quanto sofreremos... é tão injusto, nossa, bateu um bode essa conversa rsrs... Obrigado pela visita. Abçç!!!!!

Luifel disse...

Infelizmente a vida tem dessas! Ninguem nos avisa e quando nos damos conta, já estamos vivendo e não da pra voltar...

Abç!