segunda-feira, 7 de abril de 2008

Ler - necessidade, obrigação ou prazer?


A evolução do mundo e a velocidade das informações nos fazem repensar cada vez mais a respeito da real importância da leitura em nossas vidas. O ato de ler está diretamente ligado ao ato de saber, conhecer, se informar. Mas também está ligado ao prazer que determinadas leituras podem proporcionar aos seus apreciadores. Ler por prazer significa muitas vezes deixar de sair, passear, ir a uma balada ou tomar uma cerveja com os amigos, para apreciar uma boa leitura. Ler um livro em detrimento desses prazeres, que costumam ser comuns a todas as pessoas, à primeira vista parece ser uma opção meio estranha, no mínimo. No entanto, devemos pensar também na nossa capacidade de interar-nos nos assuntos e nas discussões que cercam esses momentos de descontração os quais tanto apreciamos. É preciso ter o que conversar, e apenas através da informação, ou seja, da leitura, seremos capazes de participar ativamente de todos os momentos, e conversar com propriedade seja com quem for, seja sobre o quê for.

“Quem não lê não escreve, e quem não escreve não se comunica, apenas se expressa vagamente.”

Afora isso, existe também a obrigação, aspectos que de certa forma nos “obrigam” a recorrer a uma leitura, e essas obrigações podem ser profissionais, acadêmicas ou até mesmo sociais, visto que em determinadas situações é preciso conhecer para ser reconhecido. E a necessidade encontra-se amplamente expressa nos dois outros aspectos supracitados que nos levam a entender a importância da leitura na vida moderna. Infelizmente, devido ao nosso deficitário sistema educacional, nossas crianças não são levadas a adquirirem o hábito de ler desde cedo. A educação, não somente brasileira, mas mundial, tem se direcionado para os fins, sem se importar com os meios. A incessante busca por uma vaga no mercado de trabalho e a necessidade de consegui-la o mais rápido possível têm de certa forma esmagado a estrutura necessária para se atingir estes mesmos objetivos. Sendo assim, os jovens chegam à faculdade “a toque de caixa”, ou seja, sem o conhecimento mínimo para tanto, porque as escolas de níveis infantil e médio, sejam elas particulares ou públicas, no geral objetivam levar o aluno à faculdade, tendo por base o quando e esquecendo-se do como. É desumano, por exemplo, obrigar – e esta é a palavra – um aluno de 17 anos, teoricamente sem qualquer base de informação, ler “Dom Casmurro” para uma prova de vestibular. Trata-se de uma leitura complicada, que inclusive já foi várias vezes tema de teses de doutorados, cheia de disposições técnicas literárias, que a tornam incompreensível para um adolescente que não tem o hábito de ler, e pior, ainda desperta no mesmo um certo repúdio pela leitura. É necessário que seja estimulada, antes de qualquer coisa, a vontade de ler, e esta vontade virá através de leituras leves e que interessem à criança e ao jovem. Revistas em quadrinhos, revistas adolescentes de fofoca, capítulos de novelas... tudo isso é válido para fazer com que a pessoa goste de ler. A partir daí, essa pessoa passará naturalmente a se interessar por temas mais profundos, e então chegará à leitura por prazer, que automaticamente disseca a necessidade e a obrigação. O sistema educacional atual infelizmente não nos estimula ao nobre hábito da leitura, e talvez isso possa justificar a “ignorância forçada” daqueles que têm amplas condições, e no entanto insistem inconscientemente em permanecer longe das maiores fontes de conhecimentos, tão necessários no contexto atual, e tão prazerosos, quando reconhecemos a alegria do saber.

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