quinta-feira, 25 de março de 2010

Entre conversas e trocas de palavras

Sinto saudades dos tempos em que conversávamos. Quando sentávamos em frente às nossas casas, com vizinhos, amigos, colegas, e começávamos a trocar idéias sobre todo e qualquer assunto, sem nos importar muito com o que estava acontecendo no mundo, muitas vezes até sem saber o que dizíamos, mas estávamos ali, conversando.

Sinto falta de quando éramos capazes de olhar nos olhos um do outro, sentir a "atmosfera" de cada situação, de cada palavra dita e de cada réplica respondida. Ironicamente, de certa forma o progresso nos fez regredir. Eu ainda peguei o tempo em que a Internet não era tão difundida, um tempo em que ela não era, ainda, o ar que respiramos. Lembro-me de grande parte da minha adolescência, onde eu sentava nos meio-fios e batia papo com meus amigos. Jogava bola na pracinha de casa, ia dar um "rolé" no bairro para ver as meninas. Hoje ninguém mais faz isso.

As pessoas não conversam, elas trocam palavras. Para piorar, na maioria das vezes não somos capazes de ser a mesma pessoa no campo virtual e no campo real. Os vizinhos não se conhecem mais, pais e filhos não conversam após o jantar, adolescentes não jogam mais conversa fora em frente às casas, e nem mesmo os velhinhos, tão conhecidos por externar sua sapiência e experiência naquelas conversas lentas de fim de noite, são mais os mesmos.

O mundo se robotizou. Não, não sou contra o progresso. Mas a principal premissa da humanidade é o diálogo. Ouvi, durante anos, que através do diálogo tudo poderia ser resolvido de forma mais fácil, mais inteligente e cômoda para todas as partes. Sempre ouvi dizer que não havia nada como o "tete-a-tete", o olho no olho, pois este seria o momento onde a sinceridade iria aflorar. Lembrando disso, me vejo questionando até que ponto essa nossa evolução nos prejudicou. Como seres humanos, não somos mais os mesmos. Talvez os mais jovens, que já nasceram dentro de uma TV ou de um computador, não saibam, mas antigamente as coisas eram mais humanas. Hoje em dia, saímos do trabalho correndo não para descansar, ou para jantar com a família, mas para assistir à novela das oito ou entrar na Internet. Para os que moram fora, não sentimos saudades dos nossos pais, sentimos saudades das nossas casas, percebem? Os conceitos mudaram, o mundo mudou, infelizmente.

Atrevo-me a dizer: vivemos uma evolução regressiva, da qual todos nós tomamos parte, até porque não teríamos como fugir dela. Não nos conhecemos mais como pessoas, amamos as máquinas, não sabemos quem é o próximo e talvez não saibamos nem quem somos nós mesmos, afinal, não conversamos mais, apenas trocamos palavras.

2 comentários:

Marcela Fernanda disse...

As pessoas não conversam mais ¬¬"



só no msn, rs.

Juliana Matos. disse...

Sentimos falta do simples, do sincero, do olho no olho, da magia..da simplicidade realmente!

Um abraço Vinicius,
acho q meu blog n está atualizando com suas postagens, vou ver isso..rs
;)