sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Revolução: sobre tudo e sobre todos


Definitivamente os tempos são outros. Fico a recordar-me das maiores vitórias da humanidade, conquistadas a muito custo, sob muita luta e muito suor das pessoas que buscaram mudar a mentalidade humana e, assim, atingir objetivos. Não precisamos abrir os livros de História. Não precisamos sequer de muita inteligência.

Para que possamos pensar na postura de alguns dos maiores revolucionários da humanidade, basta lembrar-nos do nosso Pai e professor maior (para os cristãos), Jesus Cristo. Num outro momento, eu escrevi neste mesmo blog que, no meu ponto de vista, Jesus foi muito mais político que religioso. Ele não pregou religião. Pregou o amor, a compreensão, o respeito ao próximo, a capacidade de superar-se, de vencer as adversidades. E como o filho de Deus, que veio ao mundo apenas para nos ensinar, fez tudo isso? Como ele conseguiu lutar, praticamente sozinho, contra o Império Romano e toda a classe dominante da época? Jesus não quebrou nada, não bateu em ninguém, não promoveu confrontos físicos. Aos ataques Ele respondeu com paz, ás dores Ele respondeu com uma palavra amiga, e no momento que resolveram feri-lo fisicamente e matá-lo, Ele apenas pediu perdão para os que o torturavam.

Obviamente que os tempos eram outros, e não pretendemos que nos dias atuais as pessoas sejam agredidas passivamente. O que quero expressar é que, nenhuma luta na qual a paz é deixada de lado, é realmente válida. Recordo-me, também, do movimento dos "caras-pintadas." Embora todos saibamos que tratava-se de um movimento meio que "maquiado" pela mídia, foi um movimento pacífico, que no entanto agregou muitas vozes, num coro uníssono, pela redemocratização do país. Também foi assim que as mulheres passaram a adquirir seus direitos como cidadãs. Também foi assim que a escravidão foi abolida, dentre tantas outras conquistas que dependeram de batalhas.

Agora, ao assistir às "manifestações" promovidas pelos ditos estudantes da USP, sinto-me chocado e envergonhado de ser parte desta geração. No meu ponto de vista, as manifestações devem buscar melhorias, mudanças visíveis e que possam benefeciar a todos, e não apenas resolver os anseios de um pequeno grupo em detrimento de toda uma comunidade acadêmica. "Exigir" a Polícia Militar fora do Campus da universidade é, no mínimo, controvérsio, afinal, ao menos teoricamente a PM serve para garantir a segurança de quem quer estudar. Claro que, assim como em todas as classes, há policiais e policiais, mas devemos lembrar, também, que há estudantes e estudantes.

Dentro do meu humilde conhecimento jurídico, o direito de um termina onde começa o do outro. Se a grande maioria dos estudantes da USP deseja a presença militar no Campus, o que faz com que esta minoria promova ataques ao patrimônio público, e muito mais, à honra de ao menos duas respeitadas instituições (PM e Universidade), em nome de uma causa que não pode ser, sequer, chamada de digna? Há algum motivo excuso, que a gente finge que não conhece, para que estes vândalos queiram distância da polícia.

Portanto, o direito à manifestação não pode ser confundido com o direito de fazer, sumariamente, tudo o que se pensa ser certo. É preciso ouvir mais, debater mais, entender melhor que não somos únicos num universo, principalmente dentro de uma Universidade, que deve ser local de promoção do saber e do conhecimento. Destruir o patrimônio, invadir, impedir os demais estudantes de cumprir seu ofício mais simples - estudar - definitivamente não pode ser considerado um meio de manifestar-se, e sim, um crime contra a ordem e contra o direito alheio.

É lamentável que, nos dias atuais, ainda exista este tipo de pensamento. E pior ainda é pensar que estas pessoas serão, também, responsáveis pelo futuro deste país. Apesar disso, há o consolo de saber que ainda existe o "diferente", o contraditório, traduzindo, o ESTUDANTE, no mais profundo sentido da palavra.

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