segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A Ditatura de Imprensa


Sabe-se que nos dias de hoje, quase tudo que se faz tem como objetivo a possibilidade de gerar dividendos financeiros, falando de forma mais clara, ganhar dinheiro. Em se tratando de Brasil, não precisamos pensar muito para entender que o maior dos poderes atuantes no país não é institucionalizado, ou seja, não se trata dos poderes executivo, legislativo ou judiciário. Na verdade, quem domina o país é um poder sobre o qual não tem se permitido sequer discussões a respeito de possíveis intervenções governamentais: trata-se da MÍDIA!

Quando se fala que o governo pretende formalizar normas a serem seguidas pela imprensa brasileira, logo se percebe uma série de discursos inflamados, relatando uma possível volta da ditadura militar, reforçando que atuar sobre a imprensa é inconstitucional, que todos devem ter o direito de expressar-se no momento em que desejarem, etc. Bom, o discurso é excelente, mas vamos à prática.

Não é raro ver o quanto a imprensa brasileira perdeu seus limites ao longo do tempo. Para citar apenas alguns casos, podemos ressaltar, por exemplo, a atuação dos meios televisivos, baseados sempre na sua liberdade de expressão, diante da ocasião do sequestreo da jovem Eloá, que acabou morta pelo seu sequestrador e ex-namorado, Lindemberg, em Santo André, São Paulo. Enquanto a polícia, por meio de seus agentes exaustivamente treinados, tentava remover o sequestrador da ideia de causar uma tragédia, como de fato o fez, eis que a "competentíssima" jornalista Sônia Abrão resolve ligar para o sequestrador e tentar convencê-lo de libertar a sua vítima. Ora, quem é a Sonia Abrão para fazer algo assim? Que competência policial, psicológica ou técnica ela tem para fazer algo do tipo? Obviamente, nenhuma. No entanto, o fez, porque no Brasil a imprensa pode tudo, caso contrário, trata-se de uma ditadura militar. Não afirmando que este foi o motivo do triste desfecho do sequestro, mas a vítima foi assassinada pelo sequestrador.

Mais recentemente, no episódio da invasão da tropa de choque do Rio de Janeiro no Complexo do Alemão, a fim de prender os líderes do tráfico de drogas na região, é importante lembrar que tratava-se de uma operação secreta, que estava sendo arquitetada minuciosamente por longos meses de trabalho do setor de inteligência da polícia para que se pudesse ter êxito, diante de bandidos fortemente armados que mandavam no complexo de favelas. Pois bem, o que acontece? Vem a Rede Globo, em horário nobre, e mostra ao vivo os PM's subindo o morro. Claro que a Globo pensa que bandido não tem televisão em casa, logicamente. Resultado? Grande parte dos bandidos mais procurados por liderarem o tráfico de drogas fugiu, e a maioria até hoje não foi encontrada, graças ao grande auxílio da imprensa que pode tudo em nome da liberdade de expressão.

Já no dia de ontem, fomos surpreendidos com a morte do cinegrafista da Rede Bandeirantes durante uma troca de tiros entre polícia e bandidos, na favela Arantes, no Rio de Janeiro. Pois bem, houve momentos em que eu tive dúvidas a respeito de quem era o policial, se o cara que estava fardado ou se o cara que estava com a câmera na mão, tendo em vista a proximidade que os dois estavam. Oras, quem está no meio de um tiroteio não pode querer ganhar flores, certo? Pergunto-me qual era o real objetivo de aquele cinegrafista estar em posição de guerra, na linha de fogo, bem atrás do policial, durante uma operação na qual muitos poderiam ter saído mortos. Audiência, dinheiro, mostrar-se forte, corajoso, capaz? Nada justifica a perda de uma vida, principalmente de uma maneira estúpida como aquela. É sim, papel da imprensa cobrir os fatos policiais, mas dentro de um limite de segurança tanto para os profissionais que estão atuando na cobertura como para os policiais que estão realizando tão arriscado trabalho.

A morte do cenegrafista da Bandeirantes é, no mínimo, uma tragédia anunciada. É chegado o momento de repensar a atuação da imprensa no Brasil, para que mais vidas não sejam colocadas em risco, e para que o trabalho das autoridades competentes não possa ser prejudicado, como já foi por diversas vezes, devido à ambição dessa mídia que hoje representa o maior poder atuante no país. O conceito de liberdade de expressão não pode ser maior que o conceito de bom senso, segurança, respeito á vida e às demais instituções. Infelizmente, a imprensa brasileira não sabe mais o seu lugar, e a continuar assim, dentro de pouco tempo,teremos uma "ditadura de imprensa", na qual somente a mídia pode determinar, por meio de seus interesses, os rumos do país.

Nenhum comentário: