É, o mundo mudou. E eu mudei junto com ele. Antigamente o mundo era mais feliz, menos egoísta, mais solidário, menos alienado... agora, com tantos artifícios, tantas tecnologias, nos tornamos apenas robôs acostumados a ir para onde vai a multidão, sem saber direito nem quando nem para onde.
Quanto a mim, perdi a poesia em alguma curva desta estrada íngreme, rumo ao precípicio da ignorância. A humanidade nos leva junto à sua própria destruição, e assim, seguimos, chorando e sorrindo, deixando nesta estrada o melhor de nós.
Mas eu ainda sonho, embora, analisando o mundo e as pessoas que nele vivem, não encontro com o que sonhar. Então meus sonhos seguem rumos indefinidos, buscando algo que parece não mais existir em algum lugar que também não sei onde é. É quase uma luta insana contra um inimigo invisível, mas que insiste em permanencer dentro de mim, assim como permanece dentro de todas as pessoas.
Sonhando sem saber com o quê, sorrindo, chorando, sigo apenas vivendo. Olhar para o passado me causa nostalgia. Olhar para o presente me causa angústia. Olhar para o futuro me causa desespero.
Agora descobri por que não escrevo mais. Deixei meus pensamentos naquele mundo em que eu ainda podia apalpar a simplicidade, o bom senso, o amor verdadeiro, onde a humanidade era composta por seres humanos e por todas as maravilhas da natureza que os rodeava. Bons tempos.
Não escrevo porque não tenho o que escrever. Somem-me as palavras, tomam-me as incertezas. Isso porque o mundo mudou e, consequentemente, eu mudei junto com ele.
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